quarta-feira, 27 de maio de 2009

Domingo na Praia

Hoje o dia calmo na praia domingueira sequer serviria para apartar a tensão humana. Se o mar quebra em ondas claras, havia na areia um conflito que é mais forte do que o barulho do oceano. Porém, silencioso. E para cada aroma salgado que emanava do infinito azul uma memória doce se consumia na mente dos jovens bronzeados. Ele chegou com aquela rapidez desordenada tão conhecida pelas sereias coloridas, seus biquínis apenas a mostra. Ela ria alto, distraída com um sorriso amigo, sua mente distante de tudo aquilo que um dia levou sua beleza a estar sentada ali, como que esperando por aquela presença intrusa.
E nas duas palavras trocadas entre um leve encostar de faces, crescia ali uma corrosão maior do que jamais poderia o mar em sua amplitude natural. Estavam cercados de palavras soltas pelo vento, que jamais encontraram o devido destino, provocando em seu desvio de percurso o vagaroso passar do tempo.
E com aparência tranqüila nadavam por novas correntes, ele via outras sereias, se perdia em outros cabelos negros e brisas geladas. Ela andava se curando de ondas distantes, sua mente em outras praias ensolaradas e sua alma maior e ainda mais bonita. Porém, nada daquilo poderia impedir a dança trêmula de mão vazias daquilo tudo que um dia tiveram juntos, não muito distante daquela praia. E a poesia não entregue ainda pairava naquele silêncio, como também uma jura de amor jamais declarada enquanto aquelas mãos andavam juntas.
E ele preferiu o calar e o afastar, como ela sorria e despedia e jamais teriam podido aquelas ondas se chocarem com maior tensão. No entanto, no resto do domingo nada mais se ouviu, além do suspiro bem alto quando separadamente contemplavam a lua no céu distante, distantes.

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